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Vida e Obra:


Alemã, nascida em 16 de setembro de 1885, a psicanalista Karen Horney foi uma das muitas mulheres silenciadas na academia. Isso porque, assim como em todos os outros nichos da produção científica e literária, a psicanálise reflete inexoravelmente o machismo e a misoginia operados por meio da invisibilização e/ou inferiorização dos trabalhos femininos. Além disso, por discordar de alguns pressupostos freudianos, Horney foi expulsa da sociedade psicanalítica de sua época que, sendo tipicamente vitoriana, tratava as mulheres como frágeis e débeis, o que, fatalmente, empurrava o discurso feminino para o descrédito.

Apesar de nascida em Hamburgo (na Alemanha), Horney se naturalizou norte-americana no ano de 1938, poucos anos após sua radicação nos Estados Unidos, na qual veio a falecer em 1952. Sua vida foi integralmente dedicada ao desenvolvimento da psicanálise. Lecionou no Instituto de Psicanálise de Berlin, e manteve, muitos anos, nessa Capital, uma clínica psicanalítica. Foi diretora assistente do Instituto de Psicanálise de Chicago, professora do Instituto de Psicanálise de New York e da Nova Escola de Pesquisa Social, também dessa cidade.

Há dois aspectos na teorização de Horney que são especialmente nevrálgicos para a teoria de Freud:

O primeiro ponto, o meu preferido, é o postulado da autora de que a teoria freudiana da "inveja do falo" pelas mulheres é, na verdade, um mecanismo para mascarar o ódio e a inveja masculina da potência criativa interna inerente às pessoas que possuem útero. Além disso, Horney observa que, graças ao útero, a mulher pode exercer sua criatividade sobre o mundo interior (por meio da gestação) e exterior a ela. Aos homens restaria apenas a possibilidade de exercer sua criatividade sobre o mundo externo, já que seus ventres, na ausência de um útero, são incapazes de gerar/criar.
O segundo ponto interessante é que, para a autora, a concepção de Freud sobre as neuroses é frágil na medida em que inscreve exclusivamente sobre o sujeito sintomas que são produzidos em uma sociedade ou meio profundamente neurotizantes (adoecedores). Para Horney o sujeito que faz um sintoma neurótico deve, antes de mais nada, ser compreendido dentro de uma circunscrição socio-histórica-geográfica a fim de não se recair em análises superficiais, generalistas, e, por que não dizer, falaciosas.

Karen Horney – junto a Alfred Adler, Carl Jung, Erich Fromm e outros – é considerada uma das mais proeminentes pensadoras do movimento neo-freudiano[1], por ter desafiado as convenções da psicanálise tradicional e ter permitido que essa orientação teórica fosse estendida, especialmente no campo da neurose.

Horney também foi a primeira mulher psiquiatra que publicou ensaios sobre a saúde mental feminina e questionou as abordagens biológicas em relação às diferenças de gênero de seus predecessores, pelo que é considerada a fundadora da psicologia feminista[2].

Em sua psicologia feminista, escreveu sobre temas que incluem a sobrevalorização da figura masculina, as dificuldades da maternidade e as contradições inerentes à monogamia.

Algumas frases da autora:

“O menoscabo dos fatores culturais por Freud não só conduz a generalizações falsas, como, em grande parte, opõe-se à compreensão das forças reais que motivam nossas atitudes e atos. Creio que esse descaso é a principal razão por que a psicanálise, na medida em que segue fielmente as sendas teóricas desbravadas por Freud, a despeito de suas aparentemente ilimitadas potencialidades parece ter batido em um beco-sem-saída [sic], manifestando-se por um exuberante florescimento de teorias obscuras e pelo emprego de uma terminologia confusa”. (HORNEY, 1959)
“Vimos, então, que uma neurose implica em um afastamento do normal. Este critério é muito importante, conquanto não seja suficiente: as pessoas podem desviar-se da configuração geral sem serem neuróticas”. (HORNEY, 1959)

Horney deixou várias obras valiosas no campo da psicanálise, a seguir apresento a bibliografia da autora:

HORNEY, Karen. A personalidade neurótica do nosso tempo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A., 1959.
______. Conheça-se a si mesmo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
______. Novos rumos da psicanálise. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.
______. Neurose e desenvolvimento humano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.
______. Psicologia feminina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
______. Nossos conflitos interiores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
______. Últimas conferências sobre técnicas psicanalíticas. São Paulo: Bertrand Brasil.

Para baixar o PDF* do Livro "A personalidade Neurótica do Nosso Tempo"

Títulos em inglês[3]:

Neurosis and Human Growth, Norton, New York, 1950. ISBN 0-393-00135-0
Are You Considering Psychoanalysis? Norton, 1946. ISBN 0-393-00131-8
Our Inner Conflicts, Norton, 1945. ISBN 0-393-00133-4
Self-analysis, Norton, 1942. ISBN 0-393-00134-2
New Ways in Psychoanalysis, Norton, 1939. ISBN 0-393-00132-6 (alternate link)
The Neurotic Personality of our Time, Norton, 1937. ISBN 0-393-01012-0
Feminine Psychology (reprints), Norton, 1922–37 1967. ISBN 0-393-00686-7
The Collected Works of Karen Horney (2 vols.), Norton, 1950. ISBN 1-199-36635-8
The Adolescent Diaries of Karen Horney, Basic Books, New York, 1980. ISBN 0-465-00055-X
The Therapeutic Process: Essays and Lectures, ed. Bernard J. Paris, Yale University Press, New Haven, 1999. ISBN 0-300-07527-8
The Unknown Karen Horney: Essays on Gender, Culture, and Psychoanalysis, ed. Bernard J. Paris, Yale University Press, New Haven, 2000. ISBN 0-300-08042-5
Final Lectures, ed. Douglas H. Ingram, Norton, 1991.—128 p. ISBN 0-393-30755-7 ISBN 9780393307559

 * A versão original do PDF encontra-se disponível no site do Filosofia Esotérica (http://www.filosofiaesoterica.com/personalidade-neurotica-do-tempo/) 





[1] Os psicanalistas neofreudianos foram pensadores que concordavam com a base da teoria da psicanálise Freudiana, porém a modificaram ou adaptaram para incorporá-la às suas próprias crenças, ideias e teorias. Sabemos que algumas das ideias freudianas eram altamente controversas, entretanto atraíram um grande número de seguidores. Muitos destes pensadores concordam com o conceito do inconsciente trazido por Freud, e sobre a importância de seu estudo da primeira infância. Porém, há um vasto número de pontos que outros pensadores discordaram ou rejeitaram. Devido a isso, estes estudiosos propuseram suas teorias exclusivas da personalidade. (Informação extraída de http://www.valordoconhecimento.com.br/blog/as-principais-teorias-da-psicanalise-neofreudiana/).
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CURSO VOLTADO PARA A SAÚDE LGBT 100% GRATUITO



     Estão abertas as inscrições a partir desse 21/02 para a nova oferta do curso online Política Nacional de Saúde Integral LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) O Curso é produto de uma parceria entre o Ministério da Saúde e as Universidades integrantes da Rede Universidade Aberta do SUS. O curso foi desenvolvido de modo a contribuir com os profissionais de saúde, notadamente os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), para que realizem suas ações de cuidado, promoção e prevenção, com qualidade, de forma equânime, garantindo à população LGBT, acesso à saúde integral. O curso pode ser realizado por profissionais de saúde, gestores do SUS, conselheiros de saúde e público em geral. As inscrições são gratuitas e poderão ser feitas no site da UNA-SUS/UERJ até 25 de junho de 2017, 

Para se inscrever clique AQUI ou acesse o link: http://unasus.uerj.br/lgbt

O curso é composto por um módulo de 45h totalmente a distância e autoinstrucional (sem tutores), este curso se divide em 03 unidades temáticas e seus respectivos subtemas:

UNIDADE 1 – Gênero e Sexualidade
UNIDADE 2 – O estudo da Política LGBT e seus marcos
UNIDADE 3 – Realizando o Acolhimento e o Cuidado à População LGBT





Fontes: UNA-SUS, SGEP/Ministério da Saúde, UERJ, comitê LGBT


EMENTA:
Conceitos básicos da Antropologia e da Sociologia que tratam do estudo do homem demonstrar a influência mútua entre as Ciências Sociais e a Psicologia no entendimento da formação do ser humano e sua cultura, bem como a contribuição das Ciências Sociais para a compreensão do indivíduo na sua relação com a sociedade, a cultura e o mundo contemporâneo. Reflexão sobre o papel da cultura no desenvolvimento das relações sociais e para compreender a diversidade humana.


Objetivo Geral:
Compreender a importância do estudo da Sociologia e da Antropologia na formação de profissionais de psicologia, tendo em vista os fenômenos sociais e as relações entre Indivíduo, Cultura e Sociedade. Analisar processos sociais numa visão crítico-analítico da sociedade contemporânea. Desenvolver reflexões interdisciplinares indispensáveis ao enfoque de temas e problemas da atualidade.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

Parte I – Introdução ao estudo da Sociologia

1.1  Definição de Sociologia
1.2  Objeto de estudo da Sociologia
1.3  Contexto histórico do surgimento da Sociologia
1.4  O desenvolvimento do pensamento sociológico
1.4.1     Pensamento sociológico clássico
1.4.2     Correntes do pensamento sociológico contemporâneo
1.4.4     A Sociologia nas nossas vidas
1.4.5     Relação da Sociologia com outras ciências
1.4.6     Lugar da Sociologia na Antropologia

Parte II – Introdução ao estudo da Antropologia

2.1 Definição de Antropologia
2.2 Os primeiros teóricos da Antropologia
2.3 Caracterização do pensamento antropológico
2.3 Objeto de estudo da Antropologia e a relação com seus campos
2.4 Áreas da Antropologia
2.5 Relação da Antropologia com outras ciências

Parte III – O homem e a construção da cultura

3.1 Definição de cultura (e diversidade cultural)
3.2  As concepções de cultura
3.3 Localização,essência, classificação e componentes da cultura
3.4 Abordagens antropológicas e sociológicas da cultura
3.3 Elementos da cultura: ritos e rituais, mito, imaginário e representações sociais
3.4 Cultura e Sociedade / O indivíduo e a participação na Cultura

Parte IV – Cultura e Subjetividade: Socioantropologia e Psicologia

4.1 Identidade cultural e subjetividade
4.2 A relação cultura e personalidade
4.3 Sujeito, subjetividade e mal-estar na cultura contemporânea

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
  • GIDDENS, A. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre: Penso, 2012.
  • LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2007.
  • MERCIER, P. História da Antropologia. 12ª Ed. São Paulo: Centauro Editora, 2012.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
  • LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. 20 ed. Rio de Janeiro:Zahar, 2006.
  • MARCONI, M. A.; PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia: uma introdução. 7ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
  • MELLO, L. G. Antropologia cultural: iniciação, teoria e tema. 13ª Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.




O Projeto de Apoio a Rede de Atenção Integral e Assistência a Saúde Mental – Rede c@ps – disponibiliza um grande acervo de documentos, livros e cadernos, sobre saúde mental para download gratuitamente. Lá você também encontra vários livros catalogados nas seguintes categorias: Drogas, Violência, Saúde Mental, Crítica e Política (Política Públicas), dentre outros.

A Rede c@ps foi desenvolvido para a disciplina Pesquisa e Divulgação da Ciência do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 02/2012. A principio a atividade consistia no planejamento de um projeto de pesquisa e estratégias de divulgação dos resultados voltado para a divulgação da ciência. Com o desenvolvimento do trabalho o projeto ganhou nome e forma. O objetivo principal é colaborar com a divulgação de informações que muitas vezes se perdem no caminho*.


Para acessar o acervo clique aqui

* Informação extraída do site oficial da Rede c@ps

O CARRASCO DO AMOR: E Outras Histórias Sobre Psicoterapia


O livro de hoje é um dos que sempre deixo à mão – o “Carrasco do Amor” de Irvin D. Yalom, também autor do Best seller “Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche Wept)” publicado em 1992. Yalom é um psiquiatra com mais de 30 (trinta) anos de experiência. Desde criança ele já demonstrava profundo interesse pelos livros, o que muito provavelmente explica a forma tão talentosa com que transforma as queixas de seus pacientes em belíssimas narrativas. O Carrasco do Amor é uma obra que se tornou bastante popular nos EUA não apenas entre psicólogas(os), psiquiatras e psicanalistas, mas também para o público leigo em geral, muito provavelmente graças à linguagem fluida e acessível utilizada por dr. Yalom.

          Nesse livro são contados 10 casos (todos verídicos) de pacientes atendidos pelo dr. Yalom, são histórias que nos arrebatam, nos excedem, nos fazem rir, chorar e refletir sobre as nossas condições de existir no mundo. Acredito que uma das grandes façanhas do livro seja precisamente a sua capacidade de nos trazer para dentro das estórias. Em cada caso somos arrebatados por um singular sentimento de identificação e empatia. Ora nos sentimos na posição dos pacientes, ora na posição do terapeuta. Apesar de diametralmente opostas, as 10 histórias de vida narradas têm em comum o fato de que – em todas – os pacientes buscaram terapia por se debateram com a dor existencial. Quem já leu outras obras de Irvin Yalom sabe que morte, dores e dilemas existenciais são temáticas frequentemente abordadas em vários de seus trabalhos, inclusive em seus romances.

          Esse livro possui minha especial simpatia em função de algumas características de atuação do dr. Yalom enquanto terapeuta. Uma delas é a forma como ele se implica em todos os casos como um observador participante, ou seja, ele compreende que as questões e dilemas que afligem ao outro são questões que potencialmente também o afligem enquanto ser humano. Outro ponto com que me identifico é a sua compreensão do processo terapêutico/curativo como sendo, sobretudo, relacional, ou seja, um processo que vai infinitamente além do mero emprego da técnica. Eu vibrei por dentro quando li o trecho em que Yalom reconhece a sua condição de sujeito falível, suscetível ao erro e assume: “[...] Era hora de enfrentar a verdade: eu fizera um péssimo trabalho nesse caso, e não podia transferir a culpa para a paciente para seu marido ou para a condição humana”.

          E, acima de tudo, o que mais gosto em Yalom é que mesmo sendo um terapeuta mais alinhado à corrente fenomenológica ele apresenta um nível de conhecimento bastante elevado sobre as demais abordagens psicológicas e teorias da personalidade, daí a flexibilidade e segurança com que transita entre diversas teorias sem, contudo, perder de vista a coerência ou bom senso profissional. Sua posição frente às diferentes escolas de pensamento fica evidenciada na seguinte passagem:

Entretanto, obviamente, tudo isso é ilusão. Se chegam a ajudar os pacientes, as escolas ideológicas, com seus complexos edifícios metafísicos, têm sucesso porque diminuem a angústia do terapeuta, não a do paciente [...] Quanto mais o terapeuta for capaz de tolerar a angústia de não saber, menor será sua necessidade de abraçar a ortodoxia.

Espero que essa obra possa gerar emoções tão profundas em você quanto as que causou em mim. Para acessar a versão digital do livro clique na imagem.

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Alguns dos trechos que destaquei durante a leitura:

No entanto, eu não deixo de ter fé, minha Ave-Maria é a invocação socrática: ‘A vida não examinada não vale a pena ser vivida’.
Creio que o principal material da psicoterapia é sempre essa dor existencial — e não, como freqüentemente se afirma, as lutas instintivas reprimidas ou os fragmentos imperfeitamente enterrados de um passado pessoal trágico
“Mas nenhum presente foi maior do que o que ele me ofereceu pouco antes de morrer, [...] quando eu o visitei no hospital, ele estava tão fraco que mal conseguia se mexer, mas ergueu a cabeça, apertou a minha mão e sussurrou: — Obrigado. Obrigado por salvar a minha vida”.
“[...] espírito humano — esse frágil espectro incapaz de sobreviver sem a ilusão, sem o encantamento, sem esperanças impossíveis ou mentiras vitais.”
 “Ela possuía um amplo repertório de operações distanciadoras. Por exemplo, começava a introduzir o que iria dizer com um longo e enfadonho preâmbulo”.
 “É somente quando a terapia provoca profundas emoções que ela se torna uma poderosa força para a mudança”.
“O fato de ele ter esquecido o conteúdo da nossa última sessão não me preocupou muito. Era muito melhor que ele esquecesse o que conversamos do que a possibilidade contrária (uma escolha bem mais comum para os pacientes) — lembrar exatamente o que foi dito, mas não mudar.”
“Psicólogos populares falam continuamente sobre "aceitação da responsabilidade", mas essas são só palavras: é extremamente difícil, inclusive aterrorizante, chegar ao insight de que você, e apenas você, constrói seu próprio plano de vida”.

“Assim, o problema na terapia é sempre como ir de uma apreciação intelectual ineficaz de uma verdade a respeito de si próprio até uma experiência emocional dessa verdade. É somente quando a terapia provoca profundas emoções que ela se torna uma poderosa força para a mudança”.
"[...] uma obsessão amorosa drena a realidade da vida e anula novas experiências [...]"
“Nós, psicoterapeutas, não podemos simplesmente tagarelar com simpatia e exortar os pacientes a se debaterem corajosamente com os seus problemas. Nós não podemos dizer a eles você e seus problemas. Ao contrário, devemos falar de nós e de nossos problemas, pois a nossa vida, a nossa existência, estará sempre presa à morte, do amor à perda, da liberdade ao temor e do crescimento à separação. Nós, todos nós, estamos juntos nisso”.
    
 Sinopse

Solidão, desprezo, obsessões amorosas, depressão... Este livro traz a história de dez pacientes que procuraram soluções para seus problemas cotidianos, buscaram terapia e que se depararam com as raízes das próprias dores da maneira mais crua. Um livro que mostra como é possível enfrentar as verdades da existência e aproveitar tal poder para mudar e crescer em nível pessoal.

Yalom, Irvin D.; O carrasco do amor. Tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese, — Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

Outras obras do autor**


(Romances)


·         (1992) Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche Wept)
·         (1996) Mentiras no Divã (Lying on the Couch)
·         (2005) A Cura de Schopenhauer (The Schopenhauer Cure)
·         (2012) O Problema Espinosa (The Spinoza Problem)

(Não ficção)


·         (1970) Psicoterapia em Grupo - Teoria e Prática (The Theory and Practice of Group Psychotherapy)
·         (1974) Cada Dia Mais Perto (Every Day Gets a Little Closer)
·          (1989) O Carrasco do Amor (Love's Executioner and Other Tales of Psychotherapy)
·         (1998) Vou Chamar a Polícia (The Yalom Reader)
·         (1999) Mamãe e o Sentido da Vida (Momma and the Meaning of Life)
·         (2001) Os Desafios da Terapia (The Gift of Therapy: An Open Letter to a New Generation of Therapists and Their Patients
·         (2008) De Frente Para o Sol (Staring at the Sun: Overcoming the Terror of Death)
·         (2015) Creatures of a Day [Será lançado no Brasil] 


 **Consultado em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Irvin_D._Yalom>


Intervenção da Psicologia em Situações de Emergências e Desastres.



      
   
                        Acredito que, assim como eu, muitos profissionais da psicologia sequer tenham ouvido falar que existe um seguimento da profissão focado na intervenção de situações de crise coletiva provocadas por situações de emergência e desastres naturais e/ou provocados (como no caso do rompimento da barragem de Mariana ocasionado pela Mineradora Samarco). Dessa forma, nesse artigo trataremos, de forma geral e apenas informativa, sobre o tema da Psicologia em Situações de Emergências e Desastres, buscando compreender como surgiu, onde atua e principais linhas de intervenção. 

                       A queda do voo na Bolívia que transportava o time da Chapecoense e vitimou 71 pessoas, dentre elas quase todo o time brasileiro, reacendeu em mim, acredito que também em muitos estudantes e colegas da área, o interesse de compreender melhor o papel da Psicologia em Situações de Emergências e Desastres. Muito embora a tragédia que enlutou a cidade de Chapecó tenha me inquietado inicialmente muito mais pela questão da dissolução e espetacularização da morte pela mídia brasileira, em um segundo momento passei a sentir que era necessário ir além do sentimento de pesar que tende a ser rapidamente esquecido, e, a partir do sentimento de empatia que me tomava, refletir sobre a minha responsabilidade enquanto profissional de psicologia no apoio à pessoas em situação de crise coletiva.

 ____________A primeira questão que me veio à mente sobre o tema foi a relação inversamente proporcional entre o meu quase total desconhecimento sobre o tema em contraposição à sua indiscutível relevância. Explico melhor – por que esse tema, apesar de tão importante, sequer foi mencionado durante os cinco longos anos da minha graduação? Na verdade, o primeiro contato que tive com o assunto foi em um encontro promovido pelo Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco (CRP – PE) aqui em Recife, aonde houve a apresentação do tema da intervenção psicológica em situações de emergências e desastres. Lembro ter chegado àquele evento sem a mínima ideia do que se tratava. Assim que entrei no auditório, a palestrante (não lembro quem) falava sobre os danos psicológicos resultantes da tragédia de Goiânia conhecida como caso Césio – 137 de 1987, o que de imediato já despertou meu total interesse. Na época em que ocorreu o encontro, meados de 2011, o Brasil ainda não tinha enfrentado nem o incêndio da boate Kiss nem a o deslizamento da barragem de Mariana e mesmo assim o tema já era ali considerado como urgente para a psicologia.   

“Os avanços tecnológicos, a capacidade humana de construir, mas também a de destruir provoca, com maior ou menor freqüência, sérias alterações na vida das pessoas que se vêem afetadas por uma situação de crise ou de emergência. Algumas dessas circunstâncias golpeiam com tanta violência o estado de equilíbrio de pessoas, famílias e até de uma sociedade inteira, que deixam no seu lastro perdas humanas, materiais e mudanças situacionais extremamente traumáticas [sic]. (Sá, Werlang e Paranhos 2008)”.

 ____________Em janeiro de 2013 quando aconteceu o incêndio da boate Kiss, a mídia entrevistou várias (os) profissionais de psicologia que atendiam voluntariamente pessoas que haviam perdido familiares no incêndio. Em função das características do ocorrido, o cenário com que se deparavam as (os) psicólogas (os) era bastante caótico já que havia ali mães e pais que perderam seus filhos, recordo ainda do relato de uma mãe que havia perdido todos os seus (três) filhos na tragédia. Na época o Conselho Federal de Psicologia emitiu vários comunicados recrutando psicólogas(os) voluntárias(os) para receberem capacitação específica e atuarem na assistência aos familiares e vítimas do incêndio já que o número de profissionais com experiência ou formação para atuar naquele tipo de situação era quase nulo. Uma das coisas que chamou minha atenção na época foi que durante a cobertura midiática da tragédia eram repassados apelos para que profissionais de saúde comparecessem ao local do incêndio para prestar atendimento aos parentes das vítimas. Eram recrutados profissionais de enfermagem, medicina, assistência social, mas a ênfase dos apelos era para nós da psicologia. Acredito que o fato de o dano de maior magnitude nesse caso ter sido diretamente sobre a vida das vítimas acabou escancarando a importância que tem a psicologia em situações extremas de emergência, o que era até então praticamente desconhecido já que os desastres geralmente envolvem feridos e a urgência maior é sempre a dos cuidados médicos.

 ____________A Psicologia das Emergências e Desastres pode ser definida como o campo da Psicologia que estuda:
O comportamento das pessoas nos incidentes críticos, acidentes e desastres, desde uma ação preventiva até o pós-trauma e, se for o caso, subsidia intervenções de compreensão, apoio e superação do trauma psicológico às vítimas e aos profissionais  (BRUCK, 2009, p. 8 [2]).

 ____________Mas afinal, o que são situações de emergência ou desastres? Basicamente são eventos de grande magnitude, produzidos por causas naturais (furacões, tsunamis, enchentes, etc.) ou não naturais (guerras, ataques terroristas, etc.), em que a integridade física e emocional das pessoas é colocada em risco. Nessas situações sempre nos deparamos com sujeitos em estado crítico de crise. “Crise” pode ser compreendida aqui como um estado de desequilíbrio emocional em que a pessoa é ou se percebe incapaz de sair com seus próprios recursos egóicos. Nesses casos o auxílio externo é decisivo para que haja superação da crise.

“O desastre é um fenômeno que – do ponto de vista individual e coletivo – nos atravessa, nos arrebata, nos excede: não nos permite alcançá-lo totalmente, dá-se como um algo para além do que é possível pensar e representar naquele momento, exigindo um tempo e uma distância para ser, talvez, compreendido e elaborado. Nomeia-se como desastre aquele tipo de acontecimento trágico que é, por definição, coletivo, que envolve uma comunidade e/ou uma localidade (Weintraub et al., 2014)”.

 ____________As intervenções da Psicologia em situações de Emergência e Desastres (ED) podem ser imediatas, de médio e de longo prazo. No caso das intervenções imediatas, que ocorrem logo nas primeiras horas após a situação de ED, são feitas intervenções em crise podendo haver intervenção multi/interdisciplinar e uso de medicações ansiolíticas se necessário. Em médio prazo as intervenções envolvem as psicoterapias breves (breve focal, breve dinâmica, etc.) que visam apenas apoio imediato e em alguns casos a supressão de ansiedade ou angústia e às intervenções de longo prazo correspondem as psicoterapias de tempo indeterminado que podem se estender por anos.

 “O processo de crise pode advir de eventos catastróficos ou desastres produzidos por causas naturais; por acidentes ou, ainda, por situações diretamente provocadas pelo homem como nos casos de violência interpessoal. Em todas essas situações a integridade física e/ou emocional das pessoas está ameaçada. A intervenção em crise é um método de ajuda indicado para auxiliar uma pessoa, uma família ou um grupo, no enfrentamento de um evento traumático, amenizando os efeitos negativos, tais como danos físicos e psíquicos, incrementando a possibilidade do crescimento de novas habilidades de enfretamento reforçando a busca de opções e perspectivas de vida (Sá, Werlang e Paranhos, 2008)”.

A Intervenção em Crise pode ter diversas abordagens, algumas envolvem:

a) Estabelecimento de contato psicológicoNós psicólogas(os) sabemos bem que tão importante quanto o domínio técnico e teórico da psicologia é o exercício da empatia. Parte do processo de alívio da dor que ocorre em nossos consultórios é relacional e advém do rapport[1] e do acolhimento que só são possíveis se mediados por um sentimento autêntico de empatia.

b) Análise do problema: identificar quais conflitos ou problemas necessitam intervenção imediata e quais devem ser encaminhados para intervenções futuras

c) Analise das soluções: analisar a viabilidade de possíveis soluções

d) Seguimento para verificar o progresso: colaborar com o reestabelecimento de das redes de apoio social que podem estar prejudicadas em situações de desastres, ex.: manutenção do contato por meio de encontros ou telefonemas, grupos de apoio, criação de redes solidárias, etc.

Veja o que fazer e o que não fazer nos primeiros atendimentos psicológicos[2].



 ____________No Brasil o campo de estudos sobre psicologia em situações de emergências e desastres ainda é bastante recente. Em 2011, durante a realização do IIº Seminário de Psicologia de Emergências e Desastres, foi formalizada a fundação da Associação Brasileira de Psicologia de Emergências e Desastres – ABRAPEDE [3]. Sendo seu objetivo tornar-se uma organização capaz de reunir e representar os profissionais interessados no debate e construção de iniciativas relacionadas ao tema: Psicologia de Emergências e Desastre. Dentre outros objetivos, a ABRAPEDE se empenha em promover mudanças na sociedade que busquem atenuar o sofrimento originado por emergências e desastres e gerar cuidados às pessoas, comunidades, órgãos, instituições e entidades de respostas, envolvidos ou afetados por qualquer tipo de emergência ou desastre, buscando estratégias para contribuir, acompanhar e interferir no desenvolvimento das políticas públicas ligadas ao tema[4].

 ____________Pelo que pude levantar em minhas pesquisas sobre o tema, a ABRAPED tem desenvolvido suas ações em parceria com os Conselhos Federal e Regionais de Psicologia como ocorreu no caso da boate Kiss em 2013 (ver documento)[5]. No entanto, o maior avanço da psicologia no tema Emergência e Desastres (ED) tem sido o incentivo à produção acadêmica na área, o desenvolvimento de pesquisas sobre ED e organização dos seminários que debatem a Psicologia de Emergências e Desastres. Considerando que a institucionalização desse campo da psicologia é ainda muito recente, a produção de conteúdo na área parece ser bastante resumida e merece ser incentivada tendo em vista sua relevância social.

 ____________Uma iniciativa interessante é o curso gratuito da plataforma OrientaPsi “Psicologia da Gestão Integral de Riscos e Desastres”. Os cursos exclusivos do OrientaPsi são oferecidos pelo Conselho e parceiros por meio de metodologia e-learning, abordando temas diversificados sobre Psicologia, todos divididos em módulos multimídia. Acesse gratuitamente, o cadastro é feito com o seu CRP: http://orientapsi.cfp.org.br/

 ____________Por fim, é bom lembrar que para trabalhar com a psicologia em situações de emergência é necessário ir além do domínio técnico, é importante que haja motivação interior e, principalmente, preparo emocional, já que nesse tipo de situação a(o) psicóloga(o) terá de lidar com situações extremas de desamparo e vulnerabilidade.  


Relembre algumas das principais situações de desastre vividas no Brasil



A tragédia de Goiânia conhecida como caso Césio – 137 de 1987



O acidente com o césio-137 foi uma das maiores tragédias já vividas no Brasil ocorrida em 1987 no estado de Goiás, há 29 anos. É considerado o maior acidente radiológico do Brasil e um dos maiores do mundo, e equiparada às tragédias nucleares de Chernobyl[6], na antiga URSS, atualmente Ucrânia em 26 de abril de 1986 e Fukushima, Japão em 11 de março de 2011.

Incêndio na boate Kiss



O incêndio na boate Kiss foi uma tragédia que matou 242 pessoas e feriu 680 outras na cidade de Santa Maria (Rio Grande do Sul) na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. A tragédia foi provocada por imprudência e más condições de segurança

Rompimento de barragem em Mariana 2015 [7]



O rompimento da barragem de Fundão é considerado o maior desastre socioambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de rejeitos. A lama contaminou a bacia hidrográfica que abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Ambientalistas estimam que os efeitos dos rejeitos no mar continuarão causando danos e prejuízos, no mínimo, pelos próximos 100 anos. Além de ter vitimado 18 pessoas, os danos provocados pelo acidente incluem a destruição de Bento Rodrigues; aumento da turbidez das águas do rio Doce, com impactos no abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, danos culturais à monumentos históricos do período colonial, e também à fauna e à flora na área da bacia hidrográfica, extinção de espécies endêmicas, prejuízos à atividade pesqueira e turismo nas localidades atingidas.


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Fontes:


NOTA TÉCNICA SOBRE ATUAÇÃO DE PSICÓLOGA(O)S EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAS E DESASTRES, RELACIONADAS COM A POLÍTICA DE DEFESA CIVIL  

SA, Samantha Dubugras; WERLANG, Blanca Susana Guevara; PARANHOS, Mariana Esteves. Intervenção em crise. Rev. bras.ter. cogn.,  Rio de Janeiro ,  v. 4, n. 1, jun.  2008 .   Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872008000100008&lng=pt&nrm=iso

Weintraub, Ana Cecília Andrade de Moraes; Noal, Débora da Silva; Vicente, Letícia Nolasco; Knobloch, Felícia. Atuação do psicólogo em situações de desastre. Interface. 2014. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/icse/2015nahead/1807-5762-icse-1807-576220140564.pdf

Farias; Scheffel; Junior. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES. Disponível em: http://www.abrapede.org.br/wp-content/uploads/2013/01/Atua%C3%A7%C3%A3o-do-Psic%C3%B3logo-nas-Emerg%C3%AAncias-e-Desastres.pdf







[1] Rapport é um conceito originário da psicologia que remete à técnica de criar uma ligação de empatia com outra pessoa. O termo vem do francês rapporter, cujo significado remete à sincronização que permite estabelecer uma relação harmônica.
[2] Extraído de: Farias; Scheffel; Junior. ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES. Disponível em: http://www.abrapede.org.br/wp-content/uploads/2013/01/Atua%C3%A7%C3%A3o-do-Psic%C3%B3logo-nas-Emerg%C3%AAncias-e-Desastres.pdf